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Precipício Raso

Há algo além do escorrer do mar

Vejo a sombra pesada desviar esse olhar

Corroendo a pluma que te fez voar

O veludo que incendiou tuas nuvens

Quantos abismos rasgaram-se na margem?

Ouçam o grito do último suspiro

Na esperança sufocada

Sou o ontem que vence hoje

Que canta o que não se ouve

Que chora nas gotas do sol

Imersas nas velhas noites azuis

As vidas que estavam cegas

Em lágrimas que cortam sem ferir

Mas profundamente afogam

Nesse precipício raso e sem fim

Maurício Franke


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